Tradições brasileiras das Festas Juninas
- Ana Beatriz Ortega Marson
- 27 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de ago.
Por Bia Ortega

Quando maio chega ao fim e damos boas-vindas à metade do ano, automaticamente entramos naquele clima aconchegante que só as fogueiras, o vinho quente e as bandeirinhas da Festa Junina conseguem proporcionar. Uma das maiores celebrações populares do Brasil, a festa movimenta o país inteiro durante todo o mês de junho e carrega uma história cheia de significado.
De acordo com historiadores, sua origem remonta a antigas festividades pagãs realizadas na Europa. Nessas celebrações, comunidades buscavam espantar maus espíritos e proteger as colheitas contra pragas. Com o passar do tempo e a expansão do cristianismo, essas tradições foram incorporadas ao calendário religioso, passando a homenagear três importantes santos da Igreja Católica: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).
Por ser uma tradição muito presente na Península Ibérica — especialmente em Portugal e na Espanha —, a festa foi trazida ao Brasil pelos portugueses no século XVI, durante o período de colonização. No início, era conhecida como Festa Joanina, em referência a São João. Com o tempo, passou a ser chamada de Festa Junina, justamente por acontecer no mês de junho.
Se antes tinha um forte caráter religioso, hoje a Festa Junina se transformou em uma celebração essencialmente cultural, marcada por elementos típicos do interior e da vida rural. As danças, como a tradicional quadrilha, inspiradas nos salões aristocráticos franceses — , as roupas caipiras, brincadeiras tradicionais, e as comidas feitas à base de milho, amendoim e coco são parte indispensável dessa tradição que encanta gerações.
No Brasil, não faltam festas espalhadas por todos os cantos. Em Minas Gerais, por exemplo, o Arraial de Belo Horizonte é um dos mais conhecidos. Em São Paulo, as tradicionais quermesses de igrejas e espaços como o Centro de Tradições Nordestinas (CTN) mantêm a chama junina acesa. Já na região Sul, as comemorações são mais discretas, geralmente realizadas em escolas, igrejas e pequenas comunidades, mas nem por isso menos divertidas.
O grande destaque, no entanto, fica com o Nordeste, onde as festas de São João são verdadeiros espetáculos culturais. É o caso do São João de Caruaru, em Pernambuco, uma tradição que começou em 1854, ainda quando a cidade era uma vila. Desde os anos 1920, o evento se destaca com concursos de quadrilhas e, cortejos culturais e, atualmente também como grandes shows e uma variedade de comidas típicas — como pamonha, canjica, milho cozido, pé de moleque e bolo de fubá.
Outro gigante das festas juninas é o São João de Campina Grande, na Paraíba, considerado um dos maiores do mundo. Com mais de 40 anos de história, a festa toma conta do Parque do Povo e atrai milhares de pessoas durante os 30 dias de celebração. Além das apresentações musicais e danças típicas, a festa é marcada pela hospitalidade do povo paraibano e pela boa valorização da cultura regional.
Fora do Nordeste, vale destacar o Arraial do Banho de São João, que acontece nas cidades de Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul. O evento é marcado pelo sincretismo religioso, unindo o catolicismo e as religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda. Acontecendo nos dias 23 e 24 de junho, a festa reúne procissões, novenas egiras, e desde 2021 é reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil.
Muito mais do que uma simples comemoração, a Festa Junina é um retrato da diversidade cultural brasileira. Cada bandeirinha pendurada, cada passo da quadrilha e cada prato típico servido contam um pedaço da nossa história, das nossas raízes e da riqueza que é ser brasileiro. Seja no interior ou na cidade grande, celebrar o São João é celebrar quem somos.
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