Os pais marcantes das telas do cinema
- Clarissa Brait
- 10 de ago.
- 4 min de leitura

A paternidade, na vida real ou na ficção, nunca é uma experiência homogênea. Cada pai carrega em si um universo de histórias, afetos, medos e aprendizados — e, muitas vezes, é no cinema e nas séries que encontramos representações que espelham ou contrastam com aa nossa realidade.
Alguns personagens nos ensinam sobre presença e cuidado, outros sobre limites e reconciliações. Há ainda aqueles que mostram que ser pai vai muito além do vínculo biológico: trata-se de estar, escutar, proteger, transformar e, acima de tudo, amar.
Neste especial de Mês dos Pais, selecionamos figuras paternas que marcaram gerações com suas trajetórias, erros e acertos, e que, mesmo na ficção, nos convidam a refletir sobre o que significa ser pai em diferentes contextos. São personagens que emocionam, divertem e, de alguma forma, permanecem na memória.
Lenny Feder – Gente Grande
Interpretado por Adam Sandler, Lenny é o típico pai moderno tentando equilibrar todas as exigências da vida adulta: carreira, filhos, casamento, amizades e tempo para si. A grande virada ocorre quando ele retorna à cidade natal e reencontra os antigos amigos de infância, redescobrindo o valor do tempo em família e das experiências simples. Seu jeito atrapalhado e bem-humorado de lidar com a paternidade reflete os dilemas contemporâneos de muitos pais que buscam presença em meio à correria cotidiana.
Mufasa – O Rei Leão
Mufasa talvez seja um dos pais mais simbólicos da cultura pop. Mesmo com um breve tempo em tela, sua presença é marcante, quase mítica. Ele representa a sabedoria ancestral, a força protetora e a responsabilidade de guiar o filho para além da zona de conforto. Sua relação com Simba é baseada em amor, mas também em valores como dever, coragem e equilíbrio. A sua ausência, após sua morte, é tão poderosa quanto sua presença, pois o que o personagem deixa é um legado.
Gru – Meu Malvado Favorito
Inicialmente apresentado como um vilão excêntrico e egocêntrico, Gru sofre uma transformação radical ao adotar três meninas — Margo, Edith e Agnes — passando de anti-herói a pai dedicado e emocionalmente disponível. Sua jornada de amadurecimento é divertida, mas também profunda: ele aprende a se doar, a aceitar fragilidades e a descobrir que o afeto é mais poderoso que qualquer plano mirabolante.
No mais recente capítulo da franquia, Meu Malvado Favorito 4, Gru e sua esposa Lucy dão as boas-vindas a um novo membro da família: Gru Jr., o primeiro filho biológico do casal. Essa expansão familiar aprofunda ainda mais seu papel como pai, agora dividido entre a criação das filhas adotivas e os desafios de cuidar de um bebê. Com isso, o personagem reforça que a paternidade é um aprendizado constante, feito de descobertas, adaptações e, acima de tudo, amor.
Marlin – Procurando Nemo
Marlin é um pai que vive sob o peso do trauma. Após perder a esposa e a maior parte dos ovos, ele se torna superprotetor com o único filho que lhe resta: Nemo.
Sua jornada, literal e simbólica, em busca do filho perdido é uma das mais belas metáforas sobre os desafios da paternidade. No caminho, Marlin precisa reaprender a confiar, a deixar que o filho descubra o mundo e, sobretudo, a entender que proteger não é o mesmo que limitar.
Julius – Todo Mundo Odeia o Chris
Com sua disciplina rígida, economia extrema e frases que se tornaram icônicas, Julius representa o pai batalhador que faz de tudo para sustentar e educar sua família.
À primeira vista, pode parecer apenas cômico ou autoritário, mas há profundidade em sua figura: ele personifica um modelo de paternidade baseado em esforço, constância e amor demonstrado por ações concretas.
Julius é, para muitos, um retrato realista e afetuoso de tantos pais que lutam diariamente para oferecer o melhor aos seus filhos.
Rufus Humphrey – Gossip Girl
Rufus é o pai artista e sensível que tenta criar os filhos no meio de uma elite cheia de excessos e vaidades. Em contraste com os valores superficiais do universo de Gossip Girl, ele se destaca por sua presença constante, sua escuta ativa e sua tentativa de formar filhos mais conscientes e íntegros.
Sua relação com Dan, especialmente, é baseada em confiança e diálogo, algo raro de se ver em tantas narrativas sobre pais e filhos adolescentes.
Em um mundo em que a figura paterna ainda é, muitas vezes, associada à rigidez ou à ausência, esses personagens vêm para ampliar o olhar sobre a paternidade.
Eles mostram que ser pai é um exercício constante de reconstrução, que envolve falhas e reparos, silêncio e presença, firmeza e afeto. Alguns erram muito antes de acertar; outros acertam justamente por assumirem que não têm todas as respostas.

Mais do que heróis ou vilões, esses pais da ficção nos lembram de algo essencial: que a verdadeira força paterna está, quase sempre, nos gestos simples, nos vínculos construídos com paciência e no amor que persiste, mesmo quando tudo parece difícil. E é essa complexidade que faz com que essas figuras permaneçam tão vivas, dentro e fora das telas.
Comentários