A importância de ler os Clássicos da Literatura Brasileira
- Clarissa Brait
- 17 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

A literatura brasileira é considerada um tesouro cultural, porém nem sempre recebe a atenção que merece. Em tempos de redes sociais, séries de streaming e conteúdos rápidos, muitos podem questionar: por que ainda deveríamos nos preocupar em ler os clássicos? Sua resposta vai muito além de estudar e passar nas provas (embora, convenhamos, isso também seja um ótimo motivo).
O reflexo de uma sociedade em transformação
Obras de autores como Machado de Assis, José de Alencar, Aluísio Azevedo e Jorge Amado não são apenas histórias para entreter; elas são verdadeiros registros históricos e sociais. Esses escritores capturaram os dilemas, as contradições e as transformações de um Brasil que, nos séculos XIX e XX, ainda estava buscando sua identidade.
Por exemplo, em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, somos levados a um Brasil marcado pela desigualdade, onde personagens como Rita Baiana e João Romão revelam as tensões sociais e raciais da época. Em Senhora, José de Alencar apresenta Aurélia, uma protagonista que desafia as convenções da sociedade patriarcal com sua força e independência. Já em Dom Casmurro, de Machado de Assis, o enigma de Bentinho e Capitu nos faz refletir sobre ciúmes, traição e a complexidade das relações humanas.
Da mesma forma, Jorge Amado, em Capitães da Areia, nos transporta para o universo dos meninos de rua de Salvador, como Pedro Bala e Sem-Pernas, cujas vidas refletem a marginalização e a luta pela sobrevivência. Ao acompanhar suas aventuras, somos convidados a olhar com mais empatia para aqueles que vivem à margem da sociedade, um tema que ainda é incrivelmente relevante.

Mais do que um dever de casa: um mergulho cultural
É fácil encarar a leitura desses clássicos como uma tarefa obrigatória para passar no vestibular, mas a verdade é que esses livros têm um valor cultural e literário imenso. Eles nos ajudam a entender o Brasil e suas raízes culturais. Em Iracema, de José de Alencar, o autor celebra poeticamente as origens do nosso país, enquanto, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis faz uma crítica afiada à sociedade brasileira, utilizando o humor mordaz e a ousadia de um narrador defunto que declara: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.”
A leitura como um exercício de empatia
Ler é um ato que exige tempo e dedicação, mas, em troca, ele nos oferece algo inestimável: a capacidade de ver o mundo através dos olhos de outra pessoa. Quando lemos sobre a paixão trágica de Aurélia em Senhora, o dilema moral de Bentinho em Dom Casmurro, ou a luta dos meninos de Capitães da Areia, estamos, na verdade, expandindo nossa visão de mundo e cultivando empatia.
Esses clássicos da literatura brasileira são muito mais do que livros empoeirados na estante. Eles são guias para entendermos nossa própria identidade, questionarmos o presente e construirmos um futuro mais consciente e sensível.

Então, da próxima vez que você abrir um desses livros, não pense nele apenas como uma tarefa para passar no vestibular. Pense nele como uma jornada — uma viagem ao coração do Brasil e, por que não, ao seu próprio.
Te vejo no próximo texto!
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